O trânsito entre o indivíduo e o todo foi chave na formação do olhar de Ariádine e está inscrito em suas proposições.
Nada casual, a técnica de corte em uma única folha de papel, adotada por ela (também conhecida por papercutting), depende da inter-relação dos elementos do trabalho em um todo coeso. Um deslize em um detalhe e pode ser o fim. Atirar-se no movimento irreversível do estilete sobre o papel é criar pelo negativo, preencher pelo vazado, ser suave e preciso, sem perder a intenção do todo.
A fragilidade do papel não assusta Ariádine, pelo contrário, traz importância ao corte. Sua pesquisa artística parte de incisões sobre fotografias, que parecem lhes libertar um sentido atávico, contido até então. Passa, a seguir, à exploração de padrões de extrema minúcia sobre papel – um sincretismo de tradições artesanais – e à criação de formas orgânicas, uma espécie de herbário ficcional do início da vida. Big bang.
Prazer é coisa do corpo, dos sentidos, da pele, das entranhas. É aposta, instinto, entrega e gozo.
ELA ESTAMPA A COLEÇÃO TOQUE